Adoro fotografar momentos. Estados de alma.
É viajar nos mundos de histórias que raramente são contadas.
Esses silêncios são guardados nessas fragrâncias de mímicas e gestos.
Eu gravo para mim grande parte desse mundo. A outra eu partilho .
O dia começa bem cedo e raramente há muitas palavras para contar.
Há segundos que se falassem não se encaixavam em palavras.
Respiro fundo, liberto-me de tudo e coloco-me virgem.
Um novo mundo vai entrar por aquela porta.
E o silêncio que se faz em mim é um hino dos campeões.
É esse silêncio que traz em braços o meu/minha próximo/a paciente/a.
A pessoa entra na sala.
Agora o silêncio ganha uma nova dimensão.
São novos aromas, movimentos e rituais.
Vejo o engolir em seco de quem busca uma solução.
O escolher a primeira palavra.
A perna que cruza à medida que o lábio se morde.
Tudo me passa pelo olhar.
Espero sempre que os braços se descruzem para poder dizer simplesmente: “ o/a que o traz por cá ?”
Depois só descanso quando um novo silêncio nos invade.
Sou eu e o corpo.
Fecho os olhos e vou sentir o silêncio.
Um silêncio que não pergunta nada, mas partilha tudo.
O silêncio dos medos guardados em frascos.
O ranger da pele.
O coração e os pulmões em orquestra.
Os gemidos das vísceras.
O torcer das fascias
E o tolher dos músculos.
Uma orquestra que para o mundo é silêncio e para mim é um autêntico banquete de informação.
Sou tão feliz nesse silêncio. E tão grato.
O mundo tem dificuldade em sentir silêncios.
Nunca me preocupei muito com isso. Porque nunca os roubei.
São de todos.
Valorizar o silêncio é uma auto-ressurreição de um novo contexto de nós.
Dar humildade à palavra é muito importante.
Pois temos de perceber que cada palavra nasce da vibração do silêncio.
Tenho 3 perguntas para ti:
Como te sentes em silêncio?
O que ouves no teu silêncio?
Onde guardas os teus silêncios?